O "jeitinho brasileiro" à serviço do rádio esportivo nos anos 1930

Caros leitores/ouvintes,

hoje resolvi inovar: deixar um pouco a história do rádio esportivo do Rio de Janeiro um pouco "para escanteio" e homenagear a "minha" terceira cidade que tanto amo- além de Barra Mansa(cidade pertencente ao Vale do Paraíba. Fica no Estado do Rio de Janeiro) e a cidade do Rio de Janeiro- o teu nome ecôa por São Paulo.

São Paulo, além de ser a "terra da garoa", dos japoneses do Bairro da Liberdade e das várias etnias, é uma das belas cidades que já conheci. Apesar de cosmopolita, abraçou-me como sendo "filha da terra". Por ti "Sampa", o meu respeito, carinho e admiração.

Em 2006, ano da Copa do Mundo da Alemanha, paulistas e paulistanos perderam dois "fios da terra": os narradores esportivos Fiori Gigliotti e Nicolau Tuma.
Este post é uma homenagem sincera e curvada ao GRANDE e IMORTAL Nicolau Tuma- O "Speaker Metralhadora". Tuma, já "desencarnara" com mais de 90 anos em 2006. Como este blog resgata a história e a memória do radialismo esportivo do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Brasil, este post ´do fundo da bujaca"(como diria Mário Silva, radialista esportivo da "minha" rádio Nacional(khz 1130 am).

Um abraço e beijos aos paulistanos que lêem o meu blog.
Com carinho,

Isabela Guedes.
blogdoradiocarioca@yahoo.com.br
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Nos primórdios das transmissões esportivas, os narradores precisavam esquivar as deficiências técnicas para fazer suas locuções e a criatividade era, às vezes, seu principal trunfo.

Em seu livro A Bola no Ar- O Rádio Esportivo em São Paulo- Edileuza Soars, cita que, em uma noite do mesmo ano da irradiação de Gagliano Neto(1938), Nicolau Tuma- o "Speaker Metralhadora"- entrara para jantar no Ponto Chic(restaurante tradicional de São Paulo), sendo recepionado com espanto pelos amigos. Eles haviam acabado de ouvir o narrador transmitir pela Rádio Cultura, uma luta de boxe "in loco" dos Estados Unidos. Não sabiam, contudo, que a impossibilidade técnica de conseguir uma linha telefônica de Nova York para São Paulo obrigara Nicoloau a irradiar a disputa do título de todos os pesos sem sair da capital paulista.
Legenda: Nicolau Tuma ainda jovem
*Crédito da foto: Internet

Em depoimento à Edileuza, Tuma esclareceu que o desafio do chileno Arturo Godoy ao campeão mundial Joe Louis seria no Madison Square Garden, em Nova York. Ele podia captar de São Paulo em ondas curtas(OC) as irradiações das emissoras nore-americanas.

Seria possível fazer a transmissão em São Paulo mesmo, com a estrutura técnica que havia na cidade. Todavia o "speaker" falava muito rápido e ainda precisava ouvir a narração americana, traduzir e irradiar dentro do padrão de velocidade. Nas diversas experiências realizadas, ele não conseguiu evitar atrasos- os famosos "delays".

As buscas por um método que permitisse transmitir como se fosse direto de Nova York continuaram e a solução apareceu: MONTAR UM RINGUE DENTRO DA RÁDIO CULTURA. Foram chamados pelo radialista dois amigos: um uruguaio e um americano. Ele pôs em cada um deles um fone para ouvir em "oc´s" e irradiava a narração da luta, em espanhol e em inglês. O uruguaio representava Arturo Godoy e o americano "fôra" Joe Louis. Ao compasso que íam ouvindo , faziam gestos, dublando socos e esquives. Assim, o radialista conseguiu narrar a competição velozmente e com a mesma emoção, como se estivesse falando diretamente do Madison Square Garden.

O rádio esportivo foi, continua e continuará sendo como um teatro. Os radialistas apresentam o espetáculo e o ouvinte aplaude os "artistas da bola". As características mais comuns do teatro para Bertolt Brech, são recreação e diversão. O que os profissionais de rádio executam em uma narração esportiva têm um pouco de tudo: show e entretenimento. VIVA O RÁDIO ESPORTIVO. VIVA NICOLAU TUMA!


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