Entrevista com Washigton Rodrigues- O Apolinho no website Revista Interatual

Galera,
boa noite e um bom feriado.

Navegando pelas ondas da internet, achei uma reportagem de Washigton Rodrigues- que é um dos radialistas veteranos conhecidos no Brasil. Já passou por diversas rádios como Guanabara, Nacional e Globo. O velho Apolo- tem este apelido, pois em 1969, quando trabalhava como repórter de campo, utilizava um microfone sem fio, parecido com que os astronautas utilizavam pelo espaço sideral. Atualmente trabalha na Rádio Tupi- 1280 Am.

Além de trabalhar na "latinha"/rádio, Washigton Rodrigues, já treinou por duas vezes o Clube de Regatas do Flamengo, o seu clube de coração- uma em 1995 e numa outra oportunidade como diretor-técnico em 1998.


Washigton concedeu esta entrevista à revista eletrônica InterAtual, destacando a importância da Rádio Nacional e sua supremacia com as divulgações dos seis(6) GRANDES CLUBES do Rio de Janeiro: Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, América e Bangu sobre o resto do Brasil. Apolinho acredita que a Era do Rádio é atual, pois com a explosão das rádios digitais e com as emissoras pondo suas programações via internet, o rádio, o fiel escudeiro de todos e para todos os momentos não esteja obsoleto.

Boa leitura a todos.

Com carinho,
Isabela

mariaisabelaguedes@gmail.com

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Rádio & Futebol- Entrevista com o velho Apolo- Washigton Rodrigues

Reportagem: Marcelo Dias
Transcrição: Oswaldo Coiote

Carioca do Engenho Novo, nasceu no dia 1º de setembro de 1936. É casado com D. Maria Lúcia e tem 3 filhos (Patrícia, Washington e Bruno). Torce pelo Flamengo e pela escola de samba Mangueira. Atualmente é comentarista esportivo e apresentador de programas na Rádio Tupi AM do Rio de Janeiro. Tem coluna no Jornal Meia Hora. Foi técnico do Flamengo, vice-campeão da Supercopa em 1995, voltando como diretor-técnico em 1998. O começo no rádio foi na Rádio Guanabara em 1962 como apresentador de um programa sobre futebol de salão, chamado Beque Parado. Esteve também nas rádios Nacional e Globo. O apelido "APOLINHO" Washington ganhou porque usava em 1969 um microfone sem fio que era utilizado pelos astronautas na missão APOLO.

Revista Interatual - Qual a influência do rádio para a popularização do futebol carioca?

Apolinho - O rádio foi fundamental na divulgação, na propagação e sobretudo na construção dessas torcidas fantásticas que os clubes do Rio de Janeiro têm pelo Brasil afora. No início, a força da rádio nacional na época que cobria o Brasil inteiro, e no tempo do Antônio Cordeiro, do Jorge Cury, as outras emissoras daqui, a Rádio Tupi com o Ary Barroso, o Oduvaldo Cosi, e outras emissoras por aí, Raul Long, enfim, era a força do rádio que fazia com que as crianças da época se interessassem mais pelo futebol carioca, criando assim verdadeiras legiões de torcedores do Flamengo, Vasco, Botafogo Bangu, Fluminense, América pelo Brasil inteiro. Você vê que, aonde você vai, você vê um torcedor do Flamengo. Eu quando fui trabalhar, em 1976, na Rádio Nacional, a rádio estava fazendo um projeto de unificação, e nós fomos ao Amazonas, e tivemos a oportunidade de, subindo o rio Amazonas, deparar com pequenas comunidades indígenas, e com pessoas vestindo a camisa do Vasco, do Flamengo, Botafogo, Fluminense, então esta propagação foi realmente fantástica através do rádio O rádio teve um papel fundamental na divulgação do futebol e principalmente do futebol carioca.

Revista Interatual - Qual a sua primeira lembrança do rádio com o futebol?

Apolinho - A minha primeira lembrança quando eu era muito pequeno, eu não ia ao estádio porque meu pai não deixava, e eu tinha oito anos quando o Flamengo se sagrou tricampeão, na época o Flamengo foi campeão em 1942, 1943 e tricampeão em 1944, e eu acompanhei esse tricampeonato pelo rádio. Foi o primeiro campeonato que eu acompanhei de fato, e acompanhei pelo rádio, e a partir daí não larguei mais e fiquei acompanhando tudo, não só os jogos do Flamengo, mas principalmente os jogos do Flamengo, mas arrumava tudo. Lembro-me, quando a gente acompanhava, o Flamengo fez uma excursão nos anos 50 pelo Suécia, só a Rádio Continental transmitia e tinha jogos que você pouco entendia o que as pessoas falavam pelas transmissões que eram muito ruins, e era um sacrifício fazer uma transmissão internacional, então você ouvia com muita dificuldade, mas estava ali acompanhando. Lembro-me que quando aconteceu a novela pela primeira vez, O Direito de Nascer, na rádio, o Flamengo jogou no dia do capítulo final, e cada casa tinha um rádio. Ninguém, nem uma família permitia que a gente trocasse de estação pra ouvir o jogo do Flamengo. Eu fui à casa de um amigo chamado Valdir e nós fizemos um plano para ouvir o jogo na casa dele, mas a avó dele resolveu que ninguém podia mexer no rádio. Porque ela queria ouvir a novela e era o último capitulo. Então, nós, como vingança, nunca mais me esqueço, tiramos a válvula do rádio e fomos pro cinema, o Cinema Real que ficava do lado da casa dele na rua Barão do Bom Retiro. Acredita que a senhora, a avó do Valdir, invadiu o cinema e fez acender a luz e pegou a válvula do rádio para poder ouvir o diabo da novela Mas era assim, uma disputa muito árdua pra gente conseguir sintonizar uma emissora e acompanhar um jogo de futebol.

Revista Interatual - Como foi o seu começo no rádio?

Apolinho - Foi aleatório não tinha a menor intenção de trabalhar em rádio, não pensava nisso, era bancário, e jogava futebol de salão, e me machuquei, tive uma lesão, uma fratura na perna, e fiquei parado quase 60 dias, ou um pouco mais. Na época a Rádio Guanabara tinha conta no banco que eu trabalhava e fez um convite para eu assessorar a equipe de esportes que conhecia pouco das regras e tudo mais em relação ao futebol de salão que era na época um esporte novo recém-lançado, inclusive lançado no Brasil, aí eu fui para lá, fazer este tipo de assessoria e criou-se um programa chamado Beck Parado que era uma posição no futebol de salão da época e o Beck Parado era o Cid Neves que apresentava, um companheiro nosso, e eu assessorava e acabou que eu fiquei assessorando, e acabei dono do programa. A partir daí a rádio passou a transmitir as partidas de futebol de salão. O narrador José Cunha e eu fazíamos reportagem de quadra porque eu conhecia todos os jogadores, então acabei não voltando pra jogar e continuei fazendo aquilo, e acabei não voltando pra jogar, a partir daí passei pro futebol de campo, saí da Rádio Guanabara e fui trabalhar na Rádio Nacional em 1966, que depois de um ano que eu estava trabalhando comprou meu tempo de rádio e me transformou no radialista em tempo integral que eu sou até hoje. São 43 anos de janela.

Revista Interatual – Quais as pessoas que inspiraram você no rádio?

Apolinho – Na verdade, tipo e estilo não tive ninguém, porque eu tenho meu próprio estilo e nunca me preocupei com isso. Eu gostava muito de ouvir o Jorge Cury, Antônio Cordeiro, Raul Longas. Eu gostava muito de ouvir o homem do gol eletrizante, Ary Barroso, por ser Flamengo e o José Maria Escassa que trabalhava aqui na Rádio Tupi e tudo mais, mas um estilo assim que eu tenha pautado para seguir não tenho nenhum.


Revista Interatual – Quais os verbetes que você mais gostava? E cite alguns que você criou?

Apolinho – Eu criei mais de cem verbetes ou expressões que são usados até hoje no futebol, os mais notáveis são: geraldinos e arquibaldos, os murilos, os macários, briga de cachorro grande, enfim, tem muitos. Outro dia o Jornal O Povo fez uma relação e publicou uma relação como: É mole ou quer mais etc. São tantas que eu nem lembro e verbetes que são usados até hoje, e que já fazem parte do dicionário do futebol.

Revista Interatual – E o rádio, qual a sua importância? Perdeu espaço com tantos meios de comunicação hoje em dia, como a Internet?

Apolinho – Não, eu acho que ganhou e acho que a Era de Ouro do Rádio é agora. Falavam em Era de Ouro nos áureos tempos da Rádio Nacional e exatamente porque a Rádio Nacional não tinha concorrência, existia somente a concorrência das outras emissoras que eram realmente boas. A Mayrink Veiga, Rádio Tupi, Rádio Mauá, enfim, tinham as emissoras da época que faziam a concorrência, mas era um país de 70, 90 milhões de habitantes, e cada casa tinha no máximo um rádio portátil, então aumentou muito, hoje em dia, todos têm seu rádio portátil, no automóvel, na Internet etc.
A Internet não é concorrente, ela propaga o rádio também, então a Era do Rádio é agora, em pouco tempo vai chegar o rádio digital que vai equilibrar o som que é muito importante, pois o som da Rádio AM perde muito pela topografia da cidade, fora a parafernália que está por ai, como rádios piratas, telefonia celular, e mais de mil coisas interferindo.
Antigamente a Rádio Nacional cobria o Brasil inteiro, hoje você sai daqui vai a Maricá e tem dificuldade para sintonizar as rádios mais potentes do Rio, mas com a chegada do rádio digital isso vai se normalizar e o rádio ainda vai dar um salto qualitativo.

Revista Interatual – O que você acha de uma revista virtual, nesta proposta nova da Interatual, divulgando matérias e entrevistas pela Internet?

Apolinho – Eu acho isso ótimo, porque exatamente hoje a Internet faz parte do nosso dia-a-dia. Inclusive na hora que você chegou eu estava navegando e procurando me inteirar, hoje em dia o mundo fica ao alcance de qualquer pessoa, independente do nível cultural e tudo mais, e este tipo de informação, ou melhor, esta massa de informações que nós recebemos é muito importante, por que você pode ver essa garotada que está chegando agora vai ter uma outra cabeça, e eu digo garotada de onze, doze anos que começa a mergulhar nesse mundo. Eu tenho um afilhado de nove anos que desde os cinco ele navega na Internet e não larga de jeito nenhum, ou seja, uma massa de informações que antigamente era impossível de se ter, acho isso fantástico e com certeza a Revista Interatual vai emplacar com muito sucesso.

Comentários

J. Begatti disse…
Valeu Isabela por esta preciosidade. Não sabia desta entrevista. Apesar de não ser muito simpático aos comentários do Apolinho, principalmente quando ele envolveu em uma discussão no ar na Rádio Globo com o Técnico Telê, achei super interessante a sua entrevista. Ele é muito experiente e a sua visão com certeza é muito importante sobre o Rádio atualmente.

Grande abraço
J.Begatti
www.begatti.blogspot.com

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