O papel do comentarista no esportivo no rádio

Pedro Paradella, Vitorino Vieira, Mário ViaNNa , João Saldanha, Luis Mendes, Gérson,Tárcio Santos, José Silvério, Mário Silva, Washigton Rodrigues,Cláudio Afonso ,Waldir Luiz, Felippe Cardoso, Francisco Aiello, Rubem Leão e outros, foram e muitos continuam exercendo um papel fundamental no cenário do rádio esportivo do Rio de Janeiro: O COMENTARISTA.

Já em São Paulo, Pedro Luis e Mário Moraesformaram uma dupla inseparável. Na rádio Panamericana, Mário Moraes não era um mero coadjuvante. A "Emissora dos Esportes", levou ao "pé da letra" o sinônimo "O COMENTARISTA DO JOGO".

Nos primórdios do radialismo esportivo, o narrador trabalhava solo no estádio. Ele mesmo levava e instalava os equipamentos, locutava os primeiros 45 minutos iniciais do jogo e depois voltava o comando para o estúdio. No intervalo, muito raramente, entravam apenas os comerciais, contudo, muitas vezes até sucessos íam para "o ar". Depois o comando retornava para o estádio, o "speaker" transmitia a segunda etapa e encerrava a transmissão. Em suma, o locutor esportivo jogava "nas 11", literalmente.

Ainda nos anos 1930, o narrador começou, no intervalo do primeiro para o segundo tempo, a passar o microfone para colegas da mídia impressa, com quem fazia rápidas entrevistas sobre o andamento da "peleja". Estas entrevistas evoluíram para uma apresentação de dados técnicos por um segundo locutor, que não comentava.
Blota Júnior em entrevista à jornalista Edileuza Silva, no seu livro "A Bola no Ar- O Rádio Esportivo em São Paulo", se recorda que o comentarista da extinta Cruzeiro do Sul foi Tomás Mazzoni. "Terminava o primeoro tempo, Mazzoni vinha ao microfone e dizia exatamente o que tinha acontecido: foi 1 a 0, o gol de fulano de tal. O Palmeiras teve quatro escanteios, fulano fez três faltas. Era um resumo técnico".

Terminadas as informações técnicas, o som voltava para o estúdio e o rádio tocava música até o início do segundo tempo. Havia poucos comerciais, um ou dois no máximo, ao contrário dos dias atuais, em que a transmissão conta, no geral, com mais de dois patrocinadores. Nesse intervalo/vazio/vácuo, o ouvinte podia desinteressar-se da narração, desligar o radinho de pilha ou mudar de dial e não escutar a segunda etapa da partida.

Antenado e apreensivo com essa possibilidade, quando passou a ser o locutor titular da rádio Cruzeiro do Sul em 1940, Blota Júnior levou seu redator de esportes, Geraldo Bretas, ao estádio. "Para não devolvermos o som para o estúdio, ele passou então a fazer esse tipo de comentário. Para a avaliação de Blota foi uma ousadia do Bretas, pois este não tinha o domínio da voz. Portanto, ele fora um profissional que entendia "do riscado", ou seja, à "pelota".

Em julho de 1943, Blota transferiu-se para a Rádio Record, onde trabalhou com Geraldo José de Almeida, resolveu ser um novo tipo de comentarista esportivo. "Eu assumo o fato de ser uma nova modalidade de comentarista esportivo, em que eu preenchia todo o espaço do intervalo com os meus comentários do jogo, como foi a atuação do juiz", declarou Blota à jornalista Edileuza Silva. Ele manteve-se durante nove como comentarista de Geraldo José de Almeida e narrador substituto de G.J.A.

Outro contemporâneo de Blota Júnior como narrador e que também brilhou no rádio paulistano foi Ari Silva, que no início de seu trabalhonão falava ao microfone pois tinha sotaque italisno. Ari já era cronista dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, e começou realmente no rádio em 1939, produzindo o programa "Bola no Ar" para a Rádio Bandeirantes, transmitindo mesmo antes de a emissora radiofônica começar suas transmissões esportivas.

Um abraço,

Isabela Guedes.
blogdoradiocarioca@yahoo.com.br

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